19/1/2017 - Campinas - SP

Chuva e lixo em área adiam entrega do centro de câncer em Campinas

da assessoria de imprensa 

Diretor financeiro afirma que a conclusão da estrutura deve ocorrer até maio.
Obra é viabilizada com verba de acordo compensatório do caso Shell-Basf.

A entrega das obras do Centro de Diagnóstico do Hospital do Câncer de Barretos, em Campinas (SP), deve ocorrer até maio, segundo previsão do diretor financeiro e de construção, Boian Petrov. Ele explica que houve um atraso no cronograma inicial por causa da necessidade de limpeza do terreno e chuvas, mas mantém otimismo e destaca que as finanças estão em dia.

"Primeiro nós tivemos alguns problemas para definir a área. Depois, quando começamos a construção, tivemos que limpar, remover entulhos por baixo da terra e a demanda levou um pouco mais de tempo. Agora, a chuva está impedindo uma evolução mais rápida", explica.

A reportagem do G1 foi ao local na terça-feira (17) e constatou que no terreno já foi colocada a estrutura de pilares e há uma área cimentada com parte das instalações elétricas. Uma plataforma elevatória, porém, estava atolada na lama e funcionários aguardavam remoção.

O hospital previa conclusão do projeto com 3 mil metros quadrados, em terreno ao lado da Avenida das Amoreiras, até 12 meses após lançamento da pedra fundamental - feito em fevereiro de 2016. O ambulatório será aberto ao público e receberá investimento de R$ 33 milhões, por meio do acordo Shell-Basf.

Petrov explica que a entrega em maio é uma "previsão pessimista", e menciona que ela pode ser antecipada para o período entre março e abril ao destacar que parte da estrutura do imóvel é pré-fabricada.

Segundo ele, já foram realizados trabalhos de terraplanagem e drenagem no local. Atualmente, as obras contam com cerca de 45 profissionais, entre eles, pedreiros, montadores, soldadores e engenheiros.

"A infraestrutura de elétrica e hidráulica que ficam sobre o prédio estão prontas, concretamos a laje, fizemos muro de arrimo, agora já estamos começando a fazer as coberturas. Elas e o fechamento lateral são rápidos", ressalta ao destacar que o acabamento das estruturas metálicas e colocação de vidros demandam pouco tempo. O terreno, de 11 mil metros quadrados, foi cedido pelo governo municipal para o hospital.

Em relação ao custo das obras, Petrov afirma que não houve nenhum imprevisto financeiro. "O dinheiro está todo separado, não tem problema nenhum para não andar, é somente a chuva mesmo [...] Conseguimos fechar os contratos todos dentro do previsto, dentro das planilhas, não tem reajuste, nada. Tudo está na obra, está faltando um pouco de sol", alega o diretor.

Carretas
A expectativa é de que o centro de diagnóstico atenda até 1,5 milhão de pacientes em Campinas e região. Segundo Petrov, alguns funcionários serão remanejados do Hospital de Barretos para atividades de treinamento, mas a gestão prevê contar com maioria de profissionais do município.

"Normalmente, em ambulatórios com este padrão, atuam de 70 a 90 pessoas", diz. Sobre as cinco unidades móveis previstas no projeto - carretas adaptadas para exames preventivos contra cânceres de mama, colo do útero, pele e pulmão - ele afirma que o custeio inicial dos trabalhos deve ser feito com a verba destinada pelo acordo, mas prevê a criação de convênios posteriores.

"É preciso para que o projeto tenha viabilidade. Muitos pacientes de Campinas estavam vindo para Barretos e esta é uma das razões para esta construção, segurar a demanda e evitar que o paciente precise ter esse desgaste com percurso e despesas", ressalta o diretor.

Mapeamento 
Campinas fará mapeamento dos registros de cânceres diagnosticados em pacientes no município, com objetivo de aprimorar as políticas de prevenção e tratamento.

A estimativa da Secretaria da Saúde, com base em dados de capitais estaduais, é de que 3 mil a 3,5 mil novos casos da doença sejam registrados anualmente no município. O câncer de maior incidência nos homens é de próstata, embora o maior número de óbitos esteja associado ao de pulmão; enquanto para mulheres há maior incidência e mortalidade ligada ao câncer de mama.

Estrutura
O centro de diagnóstico deve ter centro cirúrgico com duas salas para procedimentos, consultórios, salas de coleta de papanicolau, salas para ultrassom para exames e biópsias de mama, salas de treinamento e videoconferência, salas para realização de mamografias com equipamento digital, e sala de biópsia de mama equipada com mesa de estereotaxia, que permite a realização de um exame com melhor qualidade, além de um maior conforto.

Entre as cinco carretas, quatro serão destinadas para exames preventivos, enquanto uma será direcionada para área da educação - a proposta é informar alunos de 9 a 13 anos sobre hábitos saudáveis, qualidade de vida e prevenção do câncer, segundo a assessoria do hospital.

Polêmica sobre o local
A primeira área escolhida para a construção do centro de diagnósticos desagradou os moradores do Parque Itália porque, no local, há uma área usada para prática de esportes.

Acordo Shell-Basf
O Ministério Publicou do Trabalho (MPT) destinou R$ 96 milhões do acordo coletivo obtido no caso Shell-Basf para cinco projetos para área de saúde. O maior deles, de R$ 69,9 milhões, é para o Hospital de Câncer de Barretos executar os planos em Campinas e na cidade-sede.

A ação coletiva, de autoria do MPT, foi ajuizada em 2007 e pedia indenizações a trabalhadores contaminados pela fábrica de pesticidas entre 1974 e 2002. O órgão trabalhista aponta que ao menos 1 mil funcionários foram afetados por substâncias tóxicas na unidade, em Paulínia (SP), que pertenceu à Shell e a à Basf. O acordo, de 2013, também fixou compensações individuais.