10/1/2017 - Campinas - SP
da assessoria de imprensa
Com o reajuste de 18% que aumentou a tarifa de ônibus de R$ 3,80 para R$ 4,50, Campinas (SP) passou a ter o segundo maior valor de cobrança no transporte público do Brasil, de acordo com um levantamento feito pelo G1. A cidade só fica atrás de Brasília (DF), que passou a cobrar R$ 5 em algumas linhas e também no metrô. O novo preço passou a vigorar no município do interior paulista no sábado (6). No primeiro dia, os passageiros reclamaram e criticaram a mudança. Um especialista em gestão pública afirmou que a alta é uma "traição com a sociedade".
Além de Campinas, outras duas cidades também cobram R$ 4,50 nos bilhetes unitários urbanos: Joinville (SC) e Guarulhos (SP). No caso da cidade da grande São Paulo, no entanto, o reajuste foi suspenso pela Justiça no dia 29 de dezembro, para que a população pudesse ter mais tempo para se informar sobre a mudança. A alta de 18,4% foi publicada em um dia e passou a valer no outro.
Em Pouso Alegre (MG), a tarifa do transporte público também é de R$ 4,50, mas só para os trajetos rurais. Na área urbana, o valor passou de R$ 3 para R$ 3,30. Entre o fim do ano passado e o início de 2017, pelo menos 30 cidades, entre elas seis capitais, reajustaram os preços dos ônibus.
Em Campinas, os usuários do Bilhete Único terão desconto de R$ 0,30. Com isso, a tarifa praticada ficou assim: Bilhete Único Comum: R$ 4,20; Bilhete Único Vale Transporte: R$ 4,50; Cartão Especial: R$ 4,50; Bilhete Único Escolar: R$ 1,68; Bilhete Único Universitário: R$ 2,10, segundo Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec).
As integrações, antes gratuitas, também sofreram mudanças. Agora, após o passageiro subir no terceiro ônibus (ou seja, a segunda integração) em um período de até duas horas, pagará uma taxa de R$ 0,30. O decreto deixa isento da taxa sobre a segunda integração apenas os usuários que possuem o Bilhete Único Escolar e Universitário, e os moradores que utilizam a linha 502 "Circular Centro/Linhão da Sáude".
'Traição com a sociedade'
O especialista em gestão pública Benedito Florêncio Silva criticou o aumento de 18% e afirmou por telefone ao G1 que, mesmo que faça muito tempo do último reajuste - a tarifa havia sido reajustada em janeiro de 2016 -, o valor não pode ser repassado totalmente para o bolso do passageiro. Além disso, apesar de Campinas ter dimensões de capitais, ele afirmou que a alta não se justifica e o município destoa das outras cidades do estado e do país.
"Campinas também sofreu com a crise econômica. Muita gente perdeu o emprego e precisa se deslocar. Com a passagem a R$ 4,50 fica muito difícil para as pessoas conseguirem. Isso inclusive vai mexer com a economia porque as pessoas podem até deixar de procurar emprego por conta disso. É uma traição para a sociedade e uma pancada logo no começo do ano", disse.
O especialista ainda informou que o aumento não se justifica porque, segundo ele, os ônibus não têm qualidade suficiente para que se pague esse valor na passagem. "Poucos ônibus têm ar condicionado, quebram muito, os passageiros criticam muito, então não se justifica. A gente sabe que a Prefeitura tem que arrumar a arrecadação, mas prejudicar o consumidor não pode ser a escola, a administração deve justificar esse aumento", afirmou.
O que diz a Prefeitura
A justificativa da Prefeitura para definir o reajuste foi que a "medida é necessária para que haja redução no valor atual do subsídio que a administração municipal concede ao transporte público". De acordo com o secretário de Transportes, Carlos José Barreiro Barreiro, em 2016, o subsídio repassado para as empresas foi de R$ 95 milhões e, neste ano, não haverá dinheiro para repassar o mesmo valor por conta da crise.
“No primeiro trimestre de 2017 vamos repassar R$ 15 milhões, que é 40% a menos do que no ano passado”, explicou o titular da pasta. Se o valor for mantido ao longo do ano, o subsídio fechará em R$ 60 milhões. Questionado sobre os próximos trimestres, o secretário disse que não há como precisar o valor a ser pago. Ele garantiu ao G1 que as mudanças [aumento da tarifa e cobrança na integração] vão permitir que a tarifa não sofra novos reajustes em 2017.
Barreiro disse ainda que Campinas teve uma queda de 10% no número de passageiros nos dois últimos anos. Mesmo com a redução do número de usuários, a Secretaria de Transportes garante que a frota de ônibus da cidade, que atualmente é de 1,2 mil veículos e tem cinco anos de uso , será renovada.
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