Palmieri Júnior explica ainda que a "gourmetização" se utiliza do desejo de consumo, que é democratizado. No entanto, a capacidade de comprar os itens sonhados não é igual para todos.
"Ela tem como pano de fundo a busca do lucro, só que é uma busca do lucro que se utiliza da diferenciação social. Ela se utiliza da diferenciação social que já existe e amplia [...] Eu acho que a palavra gourmet em si, pode nos próximos anos cair em desuso, mas o sentido que envolve não, que é essa lógica de afirmar, de designar um produto de alta qualidade. A tendência é ampliar", conclui o professor.
Um exemplo de estabelecimento popular que aderiu à "onda gourmet" é a Ceasa Campinas. No sábado (13), a instituição entrou na rota dos chefs e da gastronomia diferenciada com o evento "Ceasa Gourmet".
No entanto, segundo o gerente do departamento de Comunicação da Ceasa, Ricardo Alécio, a medida não visava elitizar o ambiente, mas sim aproveitar a tendência do momento para atrair novos visitantes e mostrar que a instituição vai além das frutas, verduras e flores.
"A ideia é abrir a Ceasa cada vez mais para a população, para atrair um público que não é da Ceasa, aproveitando essa tendência. A proposta é abrir para que a população conheça melhor a Ceasa", afirma.
No evento, chefs prepararam pratos sofisticados que poderiam ser degustados pelos visitantes, além de música ao vivo. A expectativa da organização era de que 20 mil pessoas participassem.
"Vamos aproveitar a marca da gourmetização que pegou, mas ao mesmo tempo vai abrir para um público que conhece a Ceasa apenas como varejão e mercado de flores", conclui.